sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A MESA PODE SER VIRADA... E QUE SEJA LOGO!

Quem lê o que escrevo, sabe que, mesmo quando confronto, sou doce.
Embora incisiva. Mas, na última terça-feira, na Reunião do Conselho de Pastores de Ribeirão Preto, presenciei uma confrontação muito mais incisiva do que tudo o que já escrevi, sem deixar de ser doce, muito doce. E muito viva, porque traduziu o interior do Pr. João Lot, quanto àquele assunto. E a emoção vívida das palavras do colega expressou muito bem o que eu mesma sinto, embora não fale.


E não tenho falado, não por covardia, mas por estar acompanhando bem de perto esta briga dos teológos da prosperidade "evangélica" com os que, por tantas distorções que ouvem e vêem, já nem admitem mais ser chamados de "evangélicos", embora creiam em Jesus e busquem caminhar com Ele. Tenho poupado meus textos desta discussão, tão fortemente representada e discutida por ambos os lados, porque não consigo me posicionar nem como esses nem como aqueles.


Começamos a refletir, lendo o texto de Mateus 21:12s, que nos mostra o Senhor Jesus expulsando do templo os negociantes, os quais, segundo Ele, faziam do Templo um esconderijo de ladrões. Mas, por que teria Jesus feito aquilo? A comercialização de animais para o sacrifício era permitida nas Escrituras, como uma exceção para aqueles que moravam longe e poderiam, assim, vender o que haviam separado para o Senhor, para, já no Templo, comprar outro animal e oferecê-lo. O que, então, despertou tamanho zelo em Jesus?

Após algumas colocações, pudemos entender que, embora houvesse a exceção, todo o trabalho envolvido na transação, inclusive a troca das moedas dos prosélitos que vinham a Jerusalém para adorar a Deus, no pátio dos gentios, sim, todo o processo deveria ser conduzido pelos sacerdotes e, no entanto, era feito por comerciantes, mercadores, muito provavelmente, ímpios... Ou seja, o sagrado estava sendo dirigido por interesses exclusivamente comerciais...

E é aí que a coisa pega... O sagrado dirigido por interesses comerciais, fins que justificam os meios... isso soa muito familiar para mim, faz-me pensar nas práticas da "igreja" de hoje...

... campanhas com os mais diversos temas, que obrigam as pessoas a irem aos cultos por algumas semanas, tendo como elemento essencial um envelope, onde devem ser colocados seus pedidos e uma oferta, normalmente, pré-determinada...

... água mineral que cura, óleo ungido, terra santa, pão da multiplicação, rosa não-se-do-quê... e muitos outros amuletos comercializados na suposta "casa de Deus", para atender a necessidades específicas do povo que ali comparece, pensando estar na Casa de Oração para Todos os Povos...


... empresários "bancando" "igrejas" e dividindo o resultado (= lucro) com os "pastores"...

... "apóstolos" ensinando que ofertar por amor é para os "trouxas" e que o correto é fazer barganhas com Deus...



... ênfase naquilo que não é justiça, paz e alegria no Espírito Santo, nas "demais coisas" que seriam acrescentadas, sem campanhas e ofertas interessereiras, se tão somente o povo fosse ensinado sobre o Reino de Deus e Sua Justiça...


... pregações para angariar ofertas e constranger não-dizimistas, baseadas em textos que não dizem isso, nunca disseram e nunca poderiam ser usados para dizê-lo...


Fomos lembrados do "De graça, recebeste; de graça, dai...". Fomos advertidos de que Jesus pode virar nossas mesas a qualquer momento. Entendemos que é possível perceber o erro e arrepender-se e voltar a caminhar de acordo com a vontade de Deus... Se é que o queremos...


Para alguns, o custo será alto. Terão que renunciar a suas práticas, embasadas em versículos fora do contexto e, na maioria das vezes, descaradamente distorcidos. Terão que começar a viver Mateus 6:33... Terão que entender que meios escusos nunca levarão ao fim santo... Terão que se desfazer das máscaras e parar de constranger e escravizar o povo de Deus...


Como disse, jamais conseguiria me ver e agir como Teóloga da Prosperidade. Mas, também, não posso dizer que não faço parte deste povo que, realmente, muitas vezes não tem nada de evangélico, pois não vive o Evangelho. Mas é o meu povo. Quero que o Senhor Jesus vire as mesas e faça a verdade aparecer. Quero que meus irmãos e irmãs saiam deste cativeiro, onde nem ficam sabendo que o Senhor os ama e lhes deu, de graça e pela Graça, a salvação; que cuida deles e lhes dá a vida em abundância, que não inclui casas na praia e carros importados (não necessariamente), mas é a própria vida de Deus vivendo dentro deles, e suprindo-os em todas as suas necessidades; que o Senhor tem o plano de fazê-los crescer o crescimento que provem de Deus, para que cheguem a ficar do tamanho de Cristo, parecidos com Ele... filhos do Amor de Deus, templos verdadeiros do Espírito de Deus, que têm prazer em Jesus e a Ele dão prazer...


Sobre isto escrevo, com prazer e com paixão. Sobre isto, tenho falado todos os dias. Mas foi muito bom ouvir uma voz com autoridade, de alguém que, com seus cabelos já quase brancos, sabe ser doce, sem omitir o que precisa ser dito e ouvido pelos que são e pelos que se dizem chamados para cuidar das ovelhas do rebanho de Jesus... em Ribeirão Preto, no Brasil e no mundo todo.

Postada originalmente em 13/09/07

Jackeline Sarah
jackelinesarah@compromissokandeya.com

Um comentário:

Adriana da Silva disse...

Agora começo a compreender.Adriana